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Sempre tive essa cara de maluco, barba mal feita, cabelo desregrado, mas jamais usufruí de substâncias proibidas por lei, exceção do período de faculdade, quando namorei uma menina que cursava Biologia.

Vocês sabem como é o pessoal de biológicas. Mas, durante toda a minha vida, por causa do meu jeito, se aproximavam pessoas querendo encarar uma noite longa demais ou perguntando se eu tinha seda (demorei pra descobrir que não se tratava do tecido).

Era difícil explicar que minha noite ideal envolve o mínimo de agito, o mínimo de barulho, o mínimo de fumaça e o mínimo de pessoas me perguntando: “O que mesmo eu tava falando?”.

Tive filho cedo e algumas pessoas achavam estranho eu estar sempre com um bebê no colo. Pra mim, aquilo sempre foi uma boa companhia. Eu adorava a ideia de ser Pai.

Mas as pessoas não esperavam isso de mim. Me olhavam feio na rua. Eu era um caso de patrulhamento inverso: as pessoas esperavam de mim um comportamento PIOR! Ficavam confusas de me ver cuidando de crianças.

Nunca esqueço de uma manhã passeando com minha filha na beira da Lagoa, quando dois jovens virados da noite passaram por mim e disseram:

“Piangers?!?! Que baita caretão!”

Ser Pai jovem está na moda porque as fotos ficam lindas nas redes sociais. Mas quando você está num evento rodeado de mochilas, fraldas, panos pra limpar o nariz e chupetas, as pessoas te olham com pena. Elas não entendem que é uma parte do negócio. Chato ou divertido, isso é ser Pai.

Ser Pai é estar com os filhos. Quando vêem a minha cara as pessoas esperam que eu seja muito louco, deixe as meninas em casa e volte só de manhã; um Pai que leva as filhas para a loja de tatuagens e que passeia com elas de moto. Longe disso. Nosso passeio mais radical foi no Parque Tupã.

Toda vez que eu levo minhas filhas pra qualquer evento fica aquele clima: “Puxa vida, cara. Hoje tu tá de babá?”.

E eu adoro responder: “Não. Tô de Pai”.

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