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Quando a gente ouve uma pessoa falando que o filho vai perder ou perdeu o ano pelas escolas estarem sendo online, eu imagino o filho dessa pessoa perdendo uma vida toda, aquela vida que o leva sair da escola focada no primeiro lugar do vestibular, como valor moral maior, e sem maturidade escolhe a profissão […]

Quando a gente ouve uma pessoa falando que o filho vai perder ou perdeu o ano pelas escolas estarem sendo online, eu imagino o filho dessa pessoa perdendo uma vida toda, aquela vida que o leva sair da escola focada no primeiro lugar do vestibular, como valor moral maior, e sem maturidade escolhe a profissão com os 4 anos de uma faculdade e estágio regado a 2 ônibus e metrô lotado das 18:00.

Esse ano de 2020 que muitos pais alegam que estão perdendo fará uma baita diferença no futuro da criança, ela entrará um ano atrasado no mercado de trabalho já competitivo, um ano a menos com aquele chefe que o deixará doente, um ano a mais naquela empresa que realmente não está afim de saber se você está bem ou não, mas sim se você está apto a produzir o que a demanda pede, e quando essa demanda baixa, um obrigado e boa sorte será o que restará para aquele que perdeu o ano.

A gente está tão habituado a essa competitividade que é normal entregarmos nossa vida para nossas empresas e deixar que elas façam o que quiserem conosco.

Nesse ano perdido, vejo relatos dos meus alunos e amigos professores dizendo quanto eles precisam se abdicar da própria família para manter o ritmo competitivo no qual nos enfiamos, porque se não essas crianças perdem um ano da vida.

Minha filha e eu estamos tão conectados, que penso, será que essas crianças estão realmente perdendo o ano? Será que elas não estão ganhando nada? Será que elas não estão ganhando a presença dos pais pela primeira vez? Será que não estão ganhando o tempo de brincar sem cobranças pela primeira vez? Será que a gente não consegue perceber que nesse ano a prioridade é outra? É nos manter com a mente sã, é fazer com que aqueles que nós amamos se sintam protegidos e amados.

Essa teria que ser nossa prioridade, ensinar os valores morais que a pandemia nos traz, porque não há urgência na necessidade das crianças saberem o que é caatinga ou a fórmula de Bhaskara. Esse ano só está perdido para quem está afogado nesse sistema já doente. Para tantos outros, esse ano está sendo o maior presente que podemos receber, ressignificar nossos valores. 

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