4 minutos de leitura

Antes de tudo, saiba que não é crime, pecado ou necessariamente um problema manter consigo certos preceitos de masculinidade, pelo contrário, alguns aspectos como coragem, determinação e cavalheirismo quando bem aplicados, podem fazer de nós homens, indivíduos melhores. O problema começa quando suprimimos qualquer tipo de sentimento e atitudes que, aos olhos alheios, possam fazer […]

Antes de tudo, saiba que não é crime, pecado ou necessariamente um problema manter consigo certos preceitos de masculinidade, pelo contrário, alguns aspectos como coragem, determinação e cavalheirismo quando bem aplicados, podem fazer de nós homens, indivíduos melhores.

O problema começa quando suprimimos qualquer tipo de sentimento e atitudes que, aos olhos alheios, possam fazer de nós “menos homens”. 

Esse medo de parecer afeminado não só garante que o machismo caminhe pelas gerações, bem como condiciona circunstancias para que problemas como a violência contra as mulheres, e a depressão provocada pelo silêncio dos homens, continuem a existir.  Chamamos isso de masculinidade tóxica.

Esse “veneno” que nós homens forçamos uns aos outros a beber cotidianamente, como forma de garantir aprovação social, não é recente. Com a introdução da mulher no mercado de trabalho, no período entre guerras (1914 – 1918 e 1939 – 1945), têm sido cada vez maiores as mudanças idealizadas na educação feminina, frente a um mundo de emancipação e introdução ao trabalho, enquanto a educação masculina pouco tem mudado.

É muito comum, em homens que sofreram com a ausência ou negligência paterna durante a infância, o relato de traumas e lacunas existenciais, uma considerável dificuldade em exercer o papel de pai ao qual tanto lhe faltou. Sendo assim, mesmo que sem querer, por não aceitar ajuda, acabam por passar o mesmo sentimento para seus filhos.

Já tendo estado tanto na condição de aluno como de professor, sempre me chamou a atenção a maneira como as estudantes mulheres tendem a se integrar a causas emancipatórias, que preguem não só a evolução feminina como também de outros públicos como a comunidade LGBTQI+. No entanto, essa integração não pode ser observada na mesma frequência quando falamos dos homens.

Desde cedo, já na educação infantil, é perceptível o impacto de um pai machista na vida de seus filhos, sobretudo quando se trata de um filho homem. A criança do sexo masculino costuma apresentar não só comportamentos agressivos mas traços de uma conduta machista marcada por expressões as quais ainda é incapaz de compreender.

Meninos marcados pela masculinidade frágil de seus pais demonstram grande resistência em manter contato físico com outros garotos, seja por um simples abraço ou apertar de mãos.

Quase sempre acabam em mútuo deboche, quando esse contato é direcionado ao sexo oposto é possível perceber não só o uso de um vocabulário atípico para a idade, com expressões de cunho sexual e difamatório, mas, em alguns casos, uma aversão e falta de jeito.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ainda em 2018, o número de famílias chefiadas por mulheres chegou 45% dos lares. Precisamos considerar ainda que mesmo nos 55% dos lares em que os homens são apontados líderes, comumente a tarefa de educar os filhos acaba ficando por conta da mãe.

Sendo assim, devemos nos ater não somente a ausência paterna mas a influência que as mães tem na transmissão de preceitos machistas. Isso porque muitas vezes nos esquecemos que o machismo não é exclusividade dos homens e precisamos lutar contra ele enquanto sociedade, não apenas como classe ou gênero.

É evidente que, para aquelas crianças as quais têm em casa exemplos errôneos de masculinidade e paternidade, o problema costuma ser maior, isso porque as meninas naturalizam a postura passiva e submissa da mãe frente aos abusos. Quando não são elas mesmas vítimas diretas do machismo paterno, já os meninos tendem a repetir os erros do pai, que pode não só exercer essa influência como exigir tal comportamento por parte dos filhos.

Saiba que nunca é tarde para rever seus erros, independente da sua orientação sexual. Não se apegue ao passado, tão pouco aos erros daqueles que o fizeram mal, busque sempre em seus filhos a chance de ser diferente e, se preciso, seja o pai que nunca teve.

Seja o primeiro a comentar!

Deixe um comentário

Conteúdo Relacionado

Nossos Parceiros