As declarações misóginas proferidas por Thiago Schütz, de 35 anos, proprietário da página “Manual Red Pill”, ganharam ampla repercussão nas redes sociais, revelando um nicho até então pouco conhecido: os influenciadores da “Red Pill”.
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Originário de Salto, município do interior de São Paulo, ele afirma integrar um grupo de aconselhadores “Red Pill”, um movimento masculino que distorce o conceito extraído do filme “Matrix” para supostamente enaltecer a masculinidade e propagar raiva a grupos, principalmente às mulheres.
Qual é o significado de “Red Pill” em “Matrix”?

Desde sua aparição no filme “Matrix” (1999), o termo “Red Pill” (ou “pílula vermelha” em português) tem sido apropriado pela cultura e reinterpretado em diferentes contextos.
Em uma cena icônica do filme, Morpheus (interpretado por Laurence Fishburne) apresenta a Neo (interpretado por Keanu Reeves) a escolha entre tomar uma pílula azul ou uma pílula vermelha.
Essa é sua última chance. Depois disso, não há como voltar. Você toma a pílula azul e a história acaba. Você acorda em sua cama e acredita no que quiser acreditar. Você toma a pílula vermelha e fica no País das Maravilhas. E eu mostro a profundidade da toca do coelho.
Ou seja:
- A pílula azul permitiria a Neo seguir vivendo em um mundo de ilusões.
- A pílula vermelha faria com que ele adquirisse consciência sobre a realidade que o cercava.
Contudo, ao longo do tempo, o significado da metáfora da pílula vermelha foi reinterpretado por razões muito distantes do seu sentido original – o que inclui o seu uso por grupos misóginos.
Na linguagem atual, “Red Pills” são homens que se opõem a um sistema que eles acreditam favorecer mulheres e o feminismo, colocando-os em desvantagem.
Por outro lado, aqueles que continuam a viver na ilusão são chamados de “Blue Pills” e, segundo a narrativa, seriam em sua maioria mulheres.
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Ameaça à atriz Livia La Gatto

A atriz Livia La Gatto relatou ter se sentido ameaçada após receber uma mensagem do coach Thiago Schutz, que a intimidou por satirizar um de seus vídeos.
Ela chegou a compartilhar uma captura de tela da mensagem em suas redes sociais, na qual Schutz dizia: “Você tem 24 horas para remover seu conteúdo sobre mim. Caso contrário, processo ou bala. A escolha é sua”.
Após uma entrevista em um podcast viralizar na web, ele ficou conhecido como o “cara do Campari”. Ele relatou ter perdido o interesse por uma mulher depois que ela lhe ofereceu uma cerveja, enquanto ele estava bebendo o drink que originou seu apelido na web.
Além de enviar a ameaça por escrito, o coach também tentou entrar em contato com ela algumas vezes por meio de uma rede social, o que a deixou “descrente”.
“Depois que ele percebeu que eu havia compartilhado a mensagem, começou a me ligar. Eu pensei: ‘O que é isso? A pessoa ameaça me matar e depois tenta me ligar?’.
Eu não entendi. Era de manhã. Esse assédio e essa insistência ocorreram com outras pessoas, tanto homens quanto mulheres, que se posicionaram contra esse tipo de discurso”, explicou ela.
Segundo a atriz, outras mulheres a contataram para relatar que passaram pela mesma situação. Homens também se manifestaram em apoio para que ela prosseguisse com a denúncia do caso.
A denúncia
Logo após o incidente, a atriz buscou a orientação de advogados e registrou uma ocorrência de ameaça na Delegacia Eletrônica.
O caso está sendo investigado pelo 27º Distrito Policial (Campo Belo). Livia também está buscando uma medida protetiva contra Schutz, a fim de se proteger.
Schutz se pronunciou nas redes sociais
Numa publicação em vídeo nas suas redes sociais, o coach afirmou que a sua linguagem informal, repleta de gírias e palavrões, era apenas uma forma de expressão.
“É assim que eu me comunico. Não tenho nenhum problema em falar desta forma (…). Quando digo ‘bala’, não é no sentido literal. É mete bala, mete marcha, soca o pau, vâmo bora”, explicou.

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