4 minutos de leitura

Sim, mesmo que você não seja pai/mãe, ou caso seja, e acredite cumprir com as suas obrigações ao ponto de não precisar pensar nisso, nós precisamos falar sobre o assunto. E por que? Porque isso é uma questão urgente e que envolve, entre outras coisas, o processo de educação. Segundo o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), […]

Sim, mesmo que você não seja pai/mãe, ou caso seja, e acredite cumprir com as suas obrigações ao ponto de não precisar pensar nisso, nós precisamos falar sobre o assunto.

E por que?

Porque isso é uma questão urgente e que envolve, entre outras coisas, o processo de educação.

Segundo o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), no momento existem 47 mil crianças e adolescentes em situação de acolhimento no Brasil. No entanto, desse total apenas 9,5 mil estão no Cadastro Nacional de Adoção (CNA), e somente 5 mil estão de fato disponíveis para adoção.

Em contrapartida, o país tem uma fila com cerca de 46,2 mil pretendentes e por mais que, à primeira vista, isso pareça algo muito bom, não é bem assim.

Isso porque, ao que tudo indica, as mesmas famílias brasileiras que se mostram dispostas a adotar um novo integrante, demonstram ter em mente um perfil bem especifico. Cerca de 14,55% só adotam crianças brancas; 58% aceitam somente crianças de até 4 anos de idade; 61,92% não aceitam adotar irmãos e 61% só aceitam crianças sem nenhuma doença.

Esse perfil buscado pelas famílias em muito difere da realidade presente entre as crianças e adolescentes que procuram um lar. De um total de 9,5 mil crianças e adolescentes cadastrados no CNA, 49,79% são pardos, 16,68% brancos. Da totalidade de crianças, 55,27% possuem irmãos e 25,68% possuem algum problema de saúde. Por fim, 53,53% têm entre 10 e 17 anos de idade.

Além de tudo isso, precisamos considerar que podem haver imprecisões nos dados, isso porque é difícil definir com exatidão a quantidade de crianças e adolescentes fora de abrigos, em situação de rua.

Segundo o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (CONANDA), 23.973 crianças e adolescentes encontram-se em situação de rua. Dessas, 59,1% dormem na casa de sua família (pais, parentes ou amigos) e trabalham na rua; 23,2% dormem em locais de rua (calçadas, viadutos, praças, rodoviárias, etc.), 2,9% dormem temporariamente em instituições de acolhimento e 14,8% circulam entre esses espaços.

Essa inconstância entre a família e a rua, acompanhada da seleção socialmente padronizada e imposta pelas famílias que desejam adotar, é que não só impedem a adoção como também privam crianças e adolescentes de experiementar uma vida saudável em família.

Mas, e a educação? O que tem a ver com isso?

Basicamente tudo. Mesmo que você não pratique negligência e abandono familiar, saiba que muitas das famílias que assim fazem ao longo da vida careceram de preceitos básicos sobre a educação e criação dos filhos. Muitos desses são frutos de casamentos prematuros  e mal planejados, são vários os casos de pais que chegam a perder a guarda dos filhos por dependência das drogas, por exemplo.

Todos esses problemas, dentre tantos outros, poderiam ser evitados com um uso bem aplicado da educação e planejamento familiar, necessários para a construção de uma família minimamente feliz.

Educar seus filhos para que os mesmos possam compreender a importância e o valor de uma família saudável pode ajudar a garantir um bom futuro aos mesmos. Mesmo assim, no Brasil de hoje isso não é mais o suficiente.

Para além disso, é necessário compreender e ensiná-los o valor que tem o acolhimento e o aconchego familiar para quem mal tem onde morar. Deixar claro que muitas dessas vidas ainda estão desabrigadas em virtude do preconceito.

Preconceito esse que mata e deprime centenas de crianças e adolescentes todos os dias, por simplesmente não se encaixarem nos padrões de uma sociedade construída em preceitos retrógrados.

Não existem famílias perfeitas e evitar a adoção pelo medo do que os outros vão pensar, ou pelo próprio preconceito que você mesmo pode estar alimentando, talvez seja o que ainda te impede de ser feliz.

Pense nisso todas as vezes que ver uma criança ou adolescente sem lar, adotar muda vidas, inclusive a sua!

Com informações de: Conselho Nacional de Justiça e Direitos da Criança

 

Seja o primeiro a comentar!

Deixe um comentário

Conteúdo Relacionado

Nossos Parceiros