A Pretty Foundation, uma organização australiana sem fins lucrativos, citou recentemente números preocupantes. Uma pesquisa feita por eles apontou que 34% das meninas na faixa dos 5 anos pretendem fazer dieta. Você babão que nos acompanha, sabe que temos ressaltado a importância das crianças viverem de acordo com sua idade (veja aqui). Os números da […]
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A Pretty Foundation, uma organização australiana sem fins lucrativos, citou recentemente números preocupantes. Uma pesquisa feita por eles apontou que 34% das meninas na faixa dos 5 anos pretendem fazer dieta. Você babão que nos acompanha, sabe que temos ressaltado a importância das crianças viverem de acordo com sua idade (veja aqui).
Os números da pesquisa realizada pelos australianos não fica só nisso, tem mais números alarmantes. São 38% meninas na faixa dos 4 anos que estão insatisfeitas com seus corpos. De acordo com Merissa Forsyth, criadora da Pretty Foundation, a impressão das crianças a respeito de seus corpos já vem sendo desenvolvida antes do que imaginamos.
“A educação infantil é onde as fundações são estabelecidas para a imagem corporal. No momento em que as crianças se tornam adolescentes, as impressões em relação aos seus próprios corpos já vêm se desenvolvendo há mais de uma década. Isso não quer dizer que elas possam ser mudadas, mas que os adultos devem começar a observar isso com mais antecedência”.
O QUE INFLUÊNCIA A IMAGEM CORPORAL?
Seja através de familiares, livros ou até brinquedos, estamos deixando com que certos tipos de padrão de beleza sejam incorporados cada vez mais cedo na vida das crianças. Segundo Merissa, nem sempre essa aproximação é algo simples de perceber.
“Muitas vezes, essas imagens são sutis. Nessa fase, eles estão começando a aprender o que é valorizado e como querem ser e como devem ser”, diz.
Um fator que contribui são os comentários críticos que amigos e pessoas da família costumam fazer, sempre focados no peso e no formato do corpo. A psicóloga, especializada em neuropsicologia da USP, Elaine di Sarno, alerta que há muito estudos demonstrando que esse comportamento tem influência, em muitos casos, da própria mãe.
“Quando a mãe considera que a filha não está no peso adequado, há índices maiores de insatisfação por parte das crianças pesquisadas, independentemente do estado nutricional ou do sexo”, afirma.
“Já a aparência física dos brinquedos têm salientado cada vez mais, a musculatura nos bonecos e a elevada estatura e magreza nas bonecas como características essenciais e dominantes”, comenta.
Ainda de acordo com a psicóloga, as crianças tendem a observar a maneira diferente com que a sociedade costuma olhar para as pessoas, de acordo com suas características. Isso acaba resultando em uma construção do que deve ser o ideal físico. “Essa percepção voltada aos corpos dos outros e ao seu próprio corpo podem vir a gerar a satisfação ou insatisfação corporal, desde a infância”.
A Universidade federal do Rio Grande do Sul realizou um estudo com crianças de 8 a 10 anos reafirma essa tendência. O resultado mostrou que 82% das crianças gostariam de ter o formato do corpo diferente do seu. Na maioria dos casos, o motivo é a expectativa dos pais para que ela fosse mais magra.
“A partir dos seis anos de idade, as crianças costumam levar em consideração o tamanho corporal e a aparência física em seus relacionamentos interpessoais, com claros sinais de rejeição a figuras com sobrepeso e obesidade”, completa.
COMO FORMAR UMA IMAGEM CORPORAL POSITIVA?
A Pretty Foundation criou alguns livros de histórias para ajudar na construção de uma imagem corporal mais positiva, para que pais e educadores possam incentivar os debates sobre o tema. No Brasil, a expectativa é de que, com medidas de conscientização, a aceitação das crianças com o próprio corpo aumente, além da prevenção na banalização dos corpos femininos.
“Demonstrar autoconfiança e valorizar as atitudes e qualidades da criança acima da aparência física. Esses são os principais passos para criar um adulta seguro e feliz. A relação entre mãe e filha é determinante na formação da autoestima das meninas e, se focada nos sentimentos e no crescimento mútuo, possibilita, entre outros benefícios, que a filha cresça equilibrada e segura, rumo a uma vida adulta feliz”, orienta Elaine.
Ela ressalta que esse cuidado precisa existir, sobretudo, dentro de casa. A insatisfação com a imagem pode resultar em mudanças negativas no comportamento alimentar, no desenvolvimento cognitivo, autoestima, entre outros problemas. Podendo chegar a quadros complicados como bulimia, por exemplo.
“A literatura mostra que preocupação com o peso, insatisfação corporal e história de dieta na infância e início da adolescência são fatores preditores para a presença de distúrbios alimentares nos anos subsequentes. Além disso, verificou-se que a insatisfação com o corpo está associada à baixa autoestima e limitações no desempenho psicossocial, associando-se a quadros depressivos. Repercussões no desenvolvimento físico e cognitivo também podem ser evidenciadas em crianças e adolescentes que partilham de comportamentos alimentares inadequados provenientes de sua insatisfação corporal”, finaliza.
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