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  Ao redor das fogueiras, nas tendas vermelhas, nas caçadas em família e ao redor das tribos que se dava o aprendizado há milhares de anos atrás. Eram nessas situações, periódicas e rotineiras, que pais e filhos aprendiam a linda arte de cuidar da prole. O cuidado parental era compartilhado lado a lado, tête-à-tête, pais, filhos e avós […]

 

Ao redor das fogueiras, nas tendas vermelhas, nas caçadas em família e ao redor das tribos que se dava o aprendizado há milhares de anos atrás. Eram nessas situações, periódicas e rotineiras, que pais e filhos aprendiam a linda arte de cuidar da prole. O cuidado parental era compartilhado lado a lado, tête-à-tête, pais, filhos e avós juntos; era através do encontro das diferentes gerações que se transmitia o aprendizado e a educação social de uma tribo, de um clã, enfim, de uma comunidade.

Com o surgimento das cidades e mais tarde da industrialização, o individualismo e o isolamento social das pessoas e das famílias fizeram com que a transmissão oral da sabedoria parental fosse sendo perdida, chegando ao ponto de que o trabalho de cuidar da prole, que era uma tarefa coletiva da tribo, se tornasse um processo isolado e muitas vezes até individual.

Desaprendemos a cuidar de nossos filhos e filhas. Desaprendemos a lidar com cada fase do desenvolvimento e com cada etapa da vida em sociedade. Logo, hoje somos uma “legião” de pais e mães que não sabemos como lidar com nossas crianças. Onde nos forçou a aprender juntamente com o crescimento de nossas crianças. Tendo isso em mente, nunca foi tão necessário “estudar” para se tornar Pai ou Mãe.

Estudamos, hoje, para termos uma profissão, para falarmos uma nova língua, para aprendermos um hobby, para fazermos vídeos para as redes sociais, mas esquecemos de estudar para sermos pais e mães. Caso fizéssemos um estudo mais a fundo e perguntássemos para 1000 casais com filhos qual a ração de suas existências, lhe garanto que a esmagadora maioria iria lhe responder que “eles e elas existem para prover o melhor para seus filhos”. Logo estudamos para tudo, mas não para a “razão de vida” de muitos de nós.

Então que tal voltarmos para as “rodas de fogueira”? Que tal “aprendermos a caçar” com nossos ancestrais? Que tal, então, estudarmos para a paternidade e para a maternidade?

As mulheres já saíram, novamente, na frente dos homens. Muitas redes de apoio de mães já se juntam a décadas para trocar experiências e saberes sobre a maternidade, sobre a sexualidade, sobre a vida cotidiana e em família. Mas, nós homens, ainda estamos “engatinhando” nesse processo.

Nós, homens, ainda temos pouca troca sobre a paternidade; e isso esta nos impedindo de crescer como pais, como comunidade, como “tribo”.

Mas não devemos nos esquecer que a troca deve ser coletiva, homens e mulheres conversando juntos. Trocando experiências, acertos e erros. Pois a conversa ao redor da fogueira deve acontecer em nosso mundo, e não no mundo de 2000 anos atrás. Nossa sociedade vem buscando não só igualdade, mas também diversidade. Vem buscando troca entre humanos.

A masculinidade tóxica e os anos de machismo criaram diversas barreiras emocionais e psicológicas, as quais devemos quebrá-las aos poucos. Os homens não precisam parar de falar de outros temas, mas sim aumentar o repertoria incluindo a criação dos filhos e filhas, os afazeres domésticos, sexualidade e sentimentos em suas rodas de conversa. A criação de grupos, a fala aberta e franca, as rodas de conversas, os cursos sobre parentalidade, os livros sobre o tema nunca foram tão necessários como para a atual geração de pais e mães.

Que tal então voltarmos às nossas novas e modernas fogueiras?

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