A jovem ativista sueca Greta Thunberg, de apenas 16 anos, tem provocado todo tipo de reação nas pessoas ao redor do mundo. Embora o retorno positivo de seus atos e posicionamentos tenha sido imenso, o número de pessoas dispostas a criticá-la é cada vez maior. Nós do Papo de Pai fizemos um texto (leia aqui) […]
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A jovem ativista sueca Greta Thunberg, de apenas 16 anos, tem provocado todo tipo de reação nas pessoas ao redor do mundo. Embora o retorno positivo de seus atos e posicionamentos tenha sido imenso, o número de pessoas dispostas a criticá-la é cada vez maior. Nós do Papo de Pai fizemos um texto (leia aqui) sobre a jovem, em razão de sua exposição como “personalidade do ano” pela revista Time e da repercussão que isso proporcionou.
Nosso artigo foi bombardeado nas redes sociais por supostamente conter um viés ideológico à esquerda, algo injusto. O que fizemos foi apenas mostrar fatos (não há nenhuma invenção) que muitas pessoas ainda não sabiam sobre ela, por exemplo, quem são seus pais, apesar de muito já ter sido dito. Nossos conteúdos não são pautados por nenhum direcionamento político, apenas nos guiamos por assuntos que acreditamos ser de grande valia como informação aos nossos leitores. Nesse caso, uma questão inegavelmente preocupante como a causa ambiental, além do fato do personagem em questão, a jovem Greta, ser uma criança e sua imagem pode motivar nossos filhos.
Resolvemos abordar o tema novamente para falar mais sobre o pai de Greta Thunberg, o produtor cultural Svante Thunberg, e sua relação de apoio as iniciativas da filha, assim como as agressões verbais sofridas por ela. Para elucidar que o assunto em questão não se trata de oportunismo ou viés ideológico, nem deles e nem de quem fala sobre, como nós estamos fazendo.
A depressão e a volta por cima
Svante ficou preocupado no início com a evolução das ações da filha, e a inspiração que ela se tornou para jovens de todo mundo. Em uma entrevista à BBC, ele chegou a dizer que não achava legal a filha faltar na escola para realizar greve escolar pelo clima. O pai de Greta mudou de idéia quando passou a acompanhar a jornada da filha.
Segundo o depoimento de Svante ao programa britânico, Greta está muito melhor hoje, após ter começado a militar em nome das questões ambientais. A jovem lutou contra depressão por cerca de quatro anos antes de começar a greve na escola. ” Ela parou de falar, de ir à escola. Meu pior pesadelo foi quando ela passou a se recusar a comer”, disse o pai na entrevista. Esse comportamento descrito por Svante está relacionado ao seu diagnóstico de Síndrome de Asperger, uma derivação mais leve do autismo.
Ainda que se preocupe com o “ódio” que a filha enfrenta por parte de algumas pessoas, ele prefere o estado atual das coisas. Para ajudar na recuperação da ativista, Svante passou a ficar mais tempo em casa cuidando dela e da irmã mais nova, Beata. A mãe de Greta seguiu o mesmo caminho e deixou a vida profissional de lado, cancelando contratos que tinha como cantora de ópera, para ficar mais com a família.
Aproveitando o interesse já despertado em Greta pelas causas ambientais, seus pais passaram a pesquisar juntos com ela sobre o tema, fazendo com que ela se distraísse, ficando motivada e longe da depressão. Inclusive, Svante se tornou vegano a partir da influência que Greta exerceu sobre ele através das pautas sobre meio ambiente. Svante acompanha a filha em suas viagens a bordo de um veleiro sustentável quando ela vai participar de cúpulas climáticas da ONU.
“Fiz todas essas coisas, sabia que eram as coisas certas a fazer… Mas não fiz para salvar o clima, fiz para salvar minha filha”, diz.
As agressões via redes sociais
Greta tem sido alvo constante de ataques nas redes sociais pelo seu ativismo e sua postura diante dos problemas climáticos que já estamos enfrentando. Em tempos onde se tornou comum colocar em dúvida fatos, ou fazer pouco caso com informações e dados científicos, adolescente sueca vem sendo massacrada por muitos. Os insultos chegam ao extremo, tentando sempre desqualificar seu ativismo e suas opiniões, atacando desde sua postura diante desses assuntos até o jeito como ela se veste.
Luciana Brites, especialista em Educação Especial na área de Deficiência Mental e uma das fundadoras do Instituto NeuroSaber, afirmou em entrevista ao jornal O Globo que os ataques contra Greta são misóginos, ser chamada de “louca”, “emocional demais”, “rainha do drama” e mal-humorada são ofensas às mulheres conhecidas como gaslighting. Mas ela afirma que existe um preconceito duplo: também com relação ao autismo.
No mesmo texto, a psicanalista Anna Lementy afirma que, apesar disso, as ofensas a Greta a tornam ainda mais forte. “O esforço que os homens fazem para minimizar o discurso dela — seja pela idade, pelo diagnóstico ou pelo gênero — cai no vazio porque Greta tem um discurso muito mais potente. E esses ataques chamam muito mais atenção para isso. A maneira como ela pega o termo que foi usado para diminuí-la e coloca na bio de suas redes sociais é genial. No fim das contas, Greta é muito mais inteligente do que os homens adultos que a atacam”.
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