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O interesse pelo papel do pai no desenvolvimento da criança é bem recente, a gente não precisa voltar muito no tempo para ver a disparidade dos estudos voltados para as relações entre mãe-filho e pai-filho, é o que mostra o livro O Novo Papel do Pai. Até 2005 uma pesquisa simples mostrava que apenas 11% […]

O interesse pelo papel do pai no desenvolvimento da criança é bem recente, a gente não precisa voltar muito no tempo para ver a disparidade dos estudos voltados para as relações entre mãe-filho e pai-filho, é o que mostra o livro O Novo Papel do Pai. Até 2005 uma pesquisa simples mostrava que apenas 11% dos estudos voltados ao desenvolvimento da criança tinham o pai como papel de estudo.

É visível que o interesse pelo papel do pai na educação das crianças vem aumentando, hoje temos inúmeras fontes de informação como pesquisas, sites, mídias sociais e canais no YouTube dedicados apenas à paternidade.

Mas porque esse interesse é tão recente? Porque só agora homens tem sentido a necessidade de expressar sua masculinidade de uma forma diferente da qual lhes foi por muitas vezes ensinada? E porque só agora nós homens estamos nos sentindo confortáveis em exercer nosso papel de pai e de cuidador, mesmo expondo que nossa masculinidade não é padronizada naquele velho estilo patriarcal?

O aumento da diversidade familiar, e principalmente o espaço que as mulheres hoje exercem no mercado de trabalho, contém algumas das respostas para essas questões. No Brasil as mulheres já correspondem a 40% do mercado de trabalho, trazendo assim a necessidade das divisões das tarefas da casa e da criação dos filhos.

Os novos estudos dedicados aos pais

Novos estudos mostram o quanto importante o pai é no desenvolvimento cognitivo, especialmente no desenvolvimento da fala do filho. Um estudo bem completo lançado em 2015 pela OCDE analisou mais de 20 mil famílias em países desenvolvidos como Inglaterra, Austrália e Estados Unidos. 

O resultado sugere que crianças de até 3 anos que tiveram pais mais presentes se deram melhor em testes cognitivos do que crianças com pais menos participativos. A pesquisa ainda sugere que o que faz a diferença não é a quantidade de tempo que passam juntos, mas sim a qualidade desse tempo.


A Inglaterra foi o país que mais mostrou resultados positivos e, segundo a pesquisa, tarefas como alimentar e trocar fraldas apresentam efeito positivo nos resultados finais, mas não tão bem sucedido como atividades de brincadeiras que envolvem fala e leitura. Segundo essa pesquisa, crianças com pais ativos e presentes apresentaram resultados melhores no ano letivo seguinte.

A pesquisa entende a diversidade das famílias de hoje, porém o foco dessas pesquisas citadas é analisar a importância do pai, no desenvolvimento cognitivo do filho, num sistema familiar exclusivamente formado por pai e mãe, e onde na grande maioria delas a mãe é a cuidadora principal.

Ainda seguindo a dinâmica dessa pesquisa, Paul Raeburn, presidente da associação nacional de escritores de ciências dos Estados Unidos e também autor do best-seller O novo Papel do Pai, acredita que o pai tem um papel mais que importante no desenvolvimento de linguagem da criança. Ele acredita que quanto mais vocabulário e interações de qualidade o pai usa com as suas crianças melhor é o resultado das crianças na escola no ano seguinte.

O estudo usado por Paul Raeburn ainda sugere que o nível educacional do pai e seu vocabulário está diretamente relacionado com a expressividade e o uso da linguagem avançada das crianças, não importando como a mãe falava com as crianças.

Por que isso acontece?

Segundo Vernon-Feagans, a responsável pela pesquisa utilizada por Paul Raeburn, o pai nessa dinâmica analisada passa menos tempo com o filho comparado com a mãe e quando passa traz um ar de novidade, fazendo com que as brincadeiras sejam interessantes e assim estimulando a aprendizagem.

O pai também tem por natureza deixar que a criança descubra novas coisas por si própria, incentivando o espírito aventureiro e explorador. Mas vale ressaltar que a relação do pai com a criança vem completar a relação da criança com a mãe, e não substituir ou competir. Além do mais na ausência da figura paterna, outra pessoa poderia exercer esse papel.

Por que ainda nem sempre o pai consegue exercer esse papel fundamental?  Há muitas barreiras ainda a serem quebradas e apesar da vontade dos pais em participar do dia a dia da criação dos filhos, apenas 47% dos pais são ativos.

Outros fatores ligados a essa falta de participação é o papel de provedor que ainda cabe ao pai e a licença paternidade que é um benefício pouco oferecido pelas empresas, dificultando assim a conexão pai-filho nos primeiros momentos de vida da criança.

Como estimular a criança?

Como mencionado anteriormente, na falta de um pai participativo, há outras pessoas que podem exercer esse papel de estímulo, avós, tios e padrastos, são exemplos. A pedagoga Pétria Rui explica: ‘’O adulto que se relaciona com a criança deve, sempre, falar corretamente olhando para a criança. Leituras, músicas de boa qualidade, contar histórias e brincadeiras variadas envolvendo a linguagem são muito bem vindas”.

Pensamento e linguagem estão diretamente ligados, portanto, é preciso, definitivamente, acreditar nessa criança e propor situações que exijam dela pensar e agir; em casa, na escola e em qualquer outro lugar que frequente’’.

Pétria ainda completa ‘’Fazer isso tudo é delicioso e não depende do gênero de quem o faz, mas sim de sua compreensão de o que é ser criança, e de sua sensibilidade’’.

 

 

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