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Hey, você! Vamos falar sobre o Natal. O que anda fazendo, anos após anos, por pura repetição? Apenas seguindo o que os seus pais e avós faziam? Ou tentando pertencer a algum padrão, sem se perguntar se aquilo realmente faz sentido para sua família? Talvez esse texto seja para você! Depois de um ano tão atípico e […]

Hey, você! Vamos falar sobre o Natal. O que anda fazendo, anos após anos, por pura repetição? 
Apenas seguindo o que os seus pais e avós faziam? Ou tentando pertencer a algum padrão, sem se perguntar se aquilo realmente faz sentido para sua família? Talvez esse texto seja para você! 
Depois de um ano tão atípico e desafiador, muitas pessoas podem estar “contando os dedos” para o Natal.
Eu adianto que não concordo e não perpetuo com as mentiras do Natal que ninguém tem coragem de falar.
Vocês já pararam para pensar que absorvemos essas mentiras quando crianças e continuamos modelando os mesmos comportamentos aos nossos filhos?
Se queremos transformar as gerações, é importante pensarmos no que estamos transmitindo.


No Natal, os adultos pensam no 13° salário, nas viagens, nas roupas novas e nos presentes para as crianças. E as crianças pensam nos presentes que o Papai Noel vai entregar.
É por aí que começam as mentiras e vou explicar quais os motivos que eu tenho para não gostar do Natal:

    1. Mentira X Ludicidade: Você já pensou na simbologia do Papai Noel e nos efeitos psicológicos emocionais nas crianças? Muitas pessoas podem dizer que existe o recurso lúdico, mas se pensarmos bem, o lúdico é diferente de uma mentira que em algum momento precisa ser revelada.

    2. Vínculo e quebra de confiança: A maioria das pessoas deve se recordar de quando ficou sabendo que Papai Noel não existe. As crianças precisam de respostas coerentes e de certezas. Uma estória de Papai Noel que aparece na noite de Natal, alimentada por anos, pode depois se tornar uma grande desilusão para a criança quando descobrir a verdade. Sem contar que a criança vai entender como uma mentira e isso pode facilmente quebrar o vínculo de confiança entre pais e filhos. Além disso, qual o termômetro de verdade e mentira que você está transmitindo ao seu filho?

    3. Consumo X desigualdade social: Se vemos o Natal como oportunidade de encher as crianças de presentes, enquanto outras tantas pessoas precisando do básico, como vamos olhar e buscar uma sociedade com menos desequilíbrio? Você acha coerente falar às crianças que o Papai Noel é um bom velhinho porque presenteia crianças que se comportam até elas descobrirem que existem crianças que também são boazinhas, mas que passam necessidades? E as crianças em situação de vulnerabilidade social que todos os anos enviam cartas e mais cartas para o chamado “bom velhinho” muitas vezes pedindo o essencial? Que bom velhinho é esse que não presenteia a todos da mesma forma?

  4. Estímulo à falsa recompensa: Na Disciplina Positiva, pensamos a longo prazo, como modeladores de comportamentos. Falamos às crianças que elas precisam obedecer, ser boazinhas, se comportar, tirar boas notas para que o Papai Noel leve o presente dela no final. Mesmo que ela não corresponda a estas condições, ela fica sem presente? Dificilmente. Então temos duas confusões sendo criadas no inconsciente da criança. A possível crença que ela precisa sempre fazer algo para ganhar a “recompensa” e se esforçar apenas mediante algo em troca. E a incoerência que mesmo se não fizer o que os pais orientam, ela será presenteada de todo modo, então, será que precisa se esforçar? Com isso, modulamos crianças que na vida adulta não se motivarão, que buscarão sempre resultados imediatos e com baixíssima tolerância à frustração.

    5. Ter x Ser: O estímulo que permeia o Natal e à figura do Papai Noel aos presentes modula comportamento das crianças para agirem de forma direcionada a serem presenteadas como objetivo essencial, de forma que o que elas são fique em segundo plano.
Antes de tudo, vamos lembrar que aprendemos por exemplos e nossos filhos também aprenderão conosco. 

Nossas ações impensadas e automáticas modelam nossos filhos. Somos balizadores de comportamentos.
Esse vem sendo um ano realmente atípico, desafiador e talvez nunca imaginado na história da 1manidade.
Estamos sendo impulsionados a mudar nossos hábitos, nossos padrões e a refletir sobre muitas coisas que antes não queríamos: rotina, trabalho, saúde, convivência, lutos…
O confinamento nos fez ENXERGAR ao invés de apenas OLHAR.
Tivemos que observar o guarda-roupa abarrotado de peças novas, sapatos e maquiagens sem ter onde e como usar.
Aquele batom lindíssimo que você ganhou no último Natal agora não pode ser visto debaixo das máscaras.
Aqueles presentes que você prometeu ao seu filho no ano passado, ele não tem com quem brincar.

Esse avesso da pandemia nos impulsiona a buscarmos o SER ao invés de TER. Colocou-nos cara a cara conosco, com reflexo de nossos comportamentos e relações de consumo.

Mas sempre temos escolhas e, depois deste ano, podemos vivenciar o Natal de duas formas diferentes.
Podemos – não só as crianças, mas nós também adultos -, escolher continuar acreditando em Papai Noel.
Manter, sob o argumento de que a criança precisa do lúdico, a fantasia de que o bom velhinho vai cair com seu saco cheio de presentes.
Assim, quando ela souber a verdade, poderá ficar decepcionada, sem critério de mentiras, verdades, certo ou errado e com a mente cheia de incertezas.
Nós adultos também podemos escolher acreditar em uma espécie de Papai Noel, quando esperamos que a solução e o presente venham de fora e que não precisamos olhar e transformar nossas relações.
Podemos fazer a listas de presentes e entrar na correria para dar conta de comprar tudo o que é preciso para preparar todo o cenário natalino, assim como prega a tradição.

Mas também podemos buscar vivenciar um Natal diferente. Quem sabe modelarmos um sentido 1mano desta data, olhar para o outro, trabalhar o conceito de que, realmente, todos somos um na essência.
É possível vivenciarmos um Natal buscando menos consumismo e mais transformações, buscando transparência, construindo e fortalecendo relações mais 1manas.
Na noite de Natal é possível, sim, deixar um pouco os presentes de lado e sentir gratidão profunda pela vida e por estar na presença daqueles que amamos.
E na virada de ano, é importante que tenhamos otimismo e esperança sim, e lembremos de que as mudanças dependem de cada um de nós.
As memórias possuem uma sabedoria própria. No final, o que lembraremos não são os presentes caros, os brinquedos para as crianças, a roupa da última temporada ou o jantar sofisticado de Natal.
O que o coração vai carregar são os abraços apertados, os sorrisos, o aroma da comida da avó, a mão quente do pai, o colo da mãe…

Então, eu te pergunto:
Qual o verdadeiro sentido do Natal?
O que é essencial?
O que você deseja transformar em 2021?

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