5 minutos de leitura

Se você está pensando em criar uma família com alguém, pare e pense. Pergunte a si mesmo: “Esta pessoa vai amar as crianças que criamos?” Se a resposta for “Talvez não”, então talvez seja hora de dar um grande passo para trás e pensar um pouco.

Nos últimos meses, tenho respondido a algumas perguntas para o The Parents Project, uma organização que permite que pais de crianças LGBT façam perguntas e obtenham respostas.

É uma ótima ideia, e me sinto honrado que eles pensem que eu possa ter algo sábio e útil a dizer. Há pouco tempo me fizeram esta pergunta:

Minha filha recentemente me disse que ela é bissexual, mas ela não contou ao pai. Ela está preocupada que ele tenha uma resposta ruim e, para ser totalmente honesta, eu também estou preocupada. Eu não quero esconder isso dele, e eu certamente não quero que ela tenha que manter isso em segredo em nossa casa, mas eu não tenho certeza de como lidar com a situação. Você tem algum conselho?

Eu pensei sobre esta questão por alguns dias, mas no final eu desisti. Todas as respostas que eu conseguia pensar não eram nem um pouco sábias ou úteis – coisas como:

“Por que você se casou com esse homem com quem você não compartilha crenças fundamentais?”

“Por que você se casou com um homem que você sabia que não poderia amar e sustentar seus filhos?”

“Por que você ainda não se divorciou desse cara?”

Tá vendo? Não ajuda. E é porque eu não consigo imaginar ser casado e escolher procriar com alguém que eu sei que pode não amar meus filhos. Isso é ridículo.

Por que alguém faria aquilo?

Antes, eu comparava ser gay a ser canhoto. Qualquer um pode ter um filho canhoto. É algo que é diferente da maioria das pessoas, mas não o torna errado. Não tem nada a ver com o tipo de pessoa que alguém é. É apenas mais um atributo que compõe quem eles são.

Tempos atrás, as pessoas pensavam que ser canhoto era uma coisa horrível. As crianças eram punidas por serem canhotas e muitas vezes eram espancadas por freiras.

Mas hoje em dia ninguém se importa. Superamos nosso eu coletivo e deixamos os canhotos em paz.

As pessoas canhotas e LGBT representam aproximadamente a mesma porcentagem da população geral. Ficaríamos horrorizados ao encontrar alguém que dissesse:

“Eu te amo e quero ter filhos com você, mas se eles forem canhotos, não os amarei e não me preocuparei com eles e os expulsarei de nossas vidas”

Isso não faz sentido.

Por que você criaria uma família com essa pessoa?

E não faz sentido odiar um garoto gay ou casar com alguém que vai odiar seu filho gay. Não escolhemos quem serão nossos filhos. Quando escolhemos ser pais, estamos assumindo a responsabilidade, obrigação e honra de amar as crianças que adotamos ou criamos.

Se alguém não está preparado para cuidar e celebrar uma criança gay, não tem nada a ver com ser pai.

Nossos filhos não escolheram ser criados e não nos escolheram para ser seus pais. E toda criança merece o amor incondicional de seus pais. Toda criança.

Seria muito melhor se todas as crianças LGBT nascessem de pais que acreditam que ser LGBT não é errado, pecado ou escolha. Mas não funciona assim.

Crianças LGBT são rejeitadas por suas famílias todos os dias. É um grande problema.

Nos EUA, cerca de 40% dos adolescentes sem-teto são LGBT

Isso não acontece por acaso.

Eu já assisti a vídeos de pais agredindo seus filhos por revelarem que não são heterossexuais. E também outros, supostamente “bons”, de “saída do armário”, que também me irritam e me frustram.

Eles mostram adolescentes e jovens adultos que estão com medo e nervosos em sair do armário para seus pais. E então, às vezes, os pais começam a dizer ao filho o quanto sua orientação os preocupa, o quanto a vida do filho será mais difícil por causa disso.

Simplesmente pare! Se seu filho é um adolescente ou um jovem adulto, ele sabe o quão difícil é ser LGBT na sociedade de hoje. Eles vivem isso todos os dias. Eles vivem isso há anos.

Mas então eu me pergunto se esses pais, aqueles que querem ser solidários, simplesmente não sabem o que dizer. Talvez eles precisem de um roteiro.

Se for esse o caso, aqui está um fácil:

Foto de um homem ofereceu “Abraços de Pai Grátis” em parada gay e emocionou participantes – Clique aqui pra ver a matéria

Criança: “Mãe, pai, eu sou gay.”

Pai: “Eu te amo. Você vai ter uma vida maravilhosa. Tenho muita sorte de tê-lo como filho.”

Realmente pode ser assim tão simples.

Então, se você está pensando em criar uma família com alguém, pare e pense. Pergunte a si mesmo:

“Esta pessoa vai amar as crianças que criamos?”

Se a resposta for “Talvez não”, então talvez seja hora de dar um grande passo para trás e pensar um pouco.

E para todas aquelas crianças nascidas de pais que escolhem colocar a religião ou a moral de direita acima de amar seus filhos, eu ficaria muito orgulhosa de ser sua mãe.

Seus pais não te merecem. Mantenha-se inteiro. Mantenha-se seguro.

Encontre aqueles que amam cada parte de você. E espero que um dia seus pais possam reconhecer o erro colossal que estão cometendo.

Você vale muito mais do que isso.


Escrito por Amelia para o Huffpost

Tradução e adaptação feita pela Redação Papo de Pai

O que você achou dessa provocação? Conta pra gente nos comentários aqui embaixo:

Seja o primeiro a comentar!

Deixe um comentário

Conteúdo Relacionado

Nossos Parceiros