8 minutos de leitura

Há um ditado popular que diz que “o corpo fala”. Porém, muito embora ele seja usado quase sempre para justificar sintomas de alguma doença, o inverso também pode ser verdadeiro, pois a saúde de nosso organismo é totalmente influenciada pelo que ele “fala” por meio do que comemos. Por isso, compreender o papel da nutrição […]

Há um ditado popular que diz que “o corpo fala”. Porém, muito embora ele seja usado quase sempre para justificar sintomas de alguma doença, o inverso também pode ser verdadeiro, pois a saúde de nosso organismo é totalmente influenciada pelo que ele “fala” por meio do que comemos.

Por isso, compreender o papel da nutrição no desenvolvimento de uma criança de 1 a 3 anos é um convite para repensar nossa postura como pais, pois nossas decisões em um momento tão delicado, que é essa faixa etária, influenciam diretamente na formação dos hábitos alimentares de nossas crianças. E como podemos fazer isso?

Um estudo divulgado pela Fundação Maria Cecília Souto Vidigal (FMCSV), cujo objetivo era reunir informações sobre a primeira infância (os resultados podem ser vistos neste site), destacou que proporcionar boas condições para um desenvolvimento físico e intelectual das crianças de 1 a 3 anos afeta não apenas seu crescimento físico, mas também todas as áreas socioafetivas, bem como o aprendizado em amplos aspectos.

Sobre isso, conversei com a nutricionista Lohanne Castro* a fim de compreender mais detalhes da nutrição infantil. Ela destaca que “A qualidade da alimentação da criança influencia seu crescimento físico (peso, altura e etc) e outros aspectos do desenvolvimento, tais como: funções sociais, resistência a doenças, disposição para brincadeiras, força e facilidade para realizar atividades que exigem esforço e até o desempenho e rendimento escolar.” Além disso:

“Uma alimentação que contém todos os nutrientes necessários contribui com as habilidades físicas e cerebrais da criança”, declara Lohanne.

               

Mas do que falamos quando se diz funções sociais? Basicamente, tudo que se refere a capacidade de se relacionar com os outros e compreender o mundo ao se redor. E, para que isso aconteça de forma saudável, uma boa alimentação garante o caminho.

De forma prática, priorizar frutas e legumes é um bom começo. Além disso, Lohanne alerta que “Para uma nutrição adequada, ofereça alimentos variados, coloridos e naturais, garantido o aporte de nutrientes necessários para o desenvolvimento infantil. Evite alimentos como refeições congeladas (pizza, lasanha, hambúrguer e etc), salgadinhos e biscoitos de pacote, bisnaguinhas, doces, refrigerantes e sucos prontos. Tais produtos contém açúcar, sódio, gorduras e aditivos químicos em excesso, e são pobres em vitaminas e minerais.

Mas eu comi… e não morri?

Ah, eu comia tudo isso na infância e estou vivo”, talvez você pense. E sim, eu também comi. Porém, em nossa infância, não sabíamos como o impacto de um bom hábito alimentar pode melhorar a qualidade da vida adulta e evitar futuras doenças. Uma pesquisa recente da revista The Lancet descobriu que uma alimentação deficiente nos primeiros anos de vida pode contribuir até mesmo na altura das crianças, fazendo com que sejam até 20cm mais baixas do que o esperado. Surpreendente, não?

Já outra pesquisa, publicada na revista médica JNCI Cancer Spectrum, analisou dados sobre os pacientes com cancro nos EUA em 2015 e diz que cerca de 80 mil dos casos diagnosticados em adultos com 20 anos ou mais se devem a dietas alimentares deficientes, com baixo consumo de vegetais, frutas, grãos integrais e laticínios e também alta ingestão de açúcares e carnes processadas. Ou seja, ainda que tenhamos comido na infância muitas coisas que hoje a ciência manda evitar para os pequenos e “estejamos bem”, as consequências disso afetam nossa qualidade de vida.

Dessa forma, a mudança é necessária e começa por nós, os pais. Sobre isso, a nutricionista Lohanne Castro ainda reforça que “Aos pais cabe a responsabilidade de preparar as refeições. São eles que escolhem o que, como e onde os filhos irão comer. Esta é uma grande responsabilidade, porque as escolhas feitas pelos pais terão impacto na saúde e nos hábitos alimentares das crianças. Por isso, os pais devem participar ativamente no horário das refeições, fazerem escolhas alimentares equilibradas e se alimentarem de maneira variada e balanceada para influenciar positivamente os filhos.” Exemplo que chama, né?

Repensar a alimentação de nossos filhos é passar também pela nossa, afinal, não dá pra oferecer cenoura enquanto comemos hambúrguer, não é? Reforçando a importância do nosso papel, um estudo cujo tema é o comportamento alimentar das crianças pequenas e seu impacto sobre o desenvolvimento psicossocial e e emocional,  da Universidade de San Diego (Califórnia), diz que “A participação e a oferta de modelos pelos pais são instrumentais no estabelecimento de mudanças nos padrões de alimentação da criança. A disponibilidade de modelos de consumo de alimentos saudáveis, como frutas, verduras e legumes, tem efeitos positivos sobre o consumo desses alimentos pela criança, ao passo que a oferta de modelos de comportamentos dietéticos resulta em problemas de regulação da ingestão da criança”.

Bem, a ciência comprova a eficácia de influenciar uma boa alimentação. Então, como fazer?

Sirva o prato, olhe nos olhos.

Como deve ser uma refeição de uma criança de 1 a 3 anos? A nutricionista Lohanne Castro nos ajudou a desvendar o mistério. Ela aconselha que “Para uma criança que não possui nenhum tipo de restrição alimentar, o almoço e jantar devem ser compostos por: 1 porção de arroz (ou outro grão), 1 porção de feijão (ou outra leguminosa), 1 porção de proteína (bovina, suína, pescado, frango ou ovo), 1 porção de verduras cozidas ou refogadas e 1 porção de salada. Já o café da manhã e lanches devem conter fruta, leite (ou derivado) e uma fonte de carboidrato.” Logo, devemos priorizar que essa variedade de grupos alimentares esteja presente na dieta.

Além disso, Lohanne diz que não devemos insistir para que a criança coma, pois isto apenas piora a relação com a comida. O indicado é dar opções (saudáveis) para que os pequenos possam escolher, variar as formas de preparo e ter muita paciência.

Vale ressaltar que, após o primeiro ano de vida, a recomendação é que as crianças consumam de 2 a 3 porções de lácteos por dia, pois eles representam de 25% a 30% das necessidades totais de energia do dia.

Aptanutri 3, fórmula infantil da Danone Nutricia, foi desenvolvida para as crianças brasileiras de 1 a 3 anos, com nutrientes importantes como DHA, ARA e prebióticos exclusivos Danone Nutricia*. 

Agora que você sabe mais sobre a importância de cada refeição, faça delas momentos que garantam não apenas uma boa nutrição, mas também memórias de carinho e afeto. Num tempo de tanta correria e rotina cheia, faça o possível para priorizar a mesa como um lugar de garantir a presença, olhar nos olhos e se conectar com seus filhos. Lembre: alimentamos o corpo com boas escolhas e a alma com boas palavras. Façamos o possível para um futuro saudável em todas as áreas!

* Lohanne Castro, Nutricionista, CRN/1 6536, Instagram: @nutrilohannecastro, Facebook: @nutrilohannecastro

*scGOS/lcFOS (9:1)

Referências bibliográficas

The Lancet. Maternal and Child Nutricion. Disponível em: https://www.thelancet.com/pb/assets/raw/Lancet//pdfs/nutrition-eng.pdf

Fang Fang Zhang, Frederick Cudhea, Zhilei Shan, Dominique S Michaud, Fumiaki Imamura, Heesun Eom, Mengyuan Ruan, Colin D Rehm, Junxiu Liu, Mengxi Du, David Kim, Lauren Lizewski, Parke Wilde, Dariush Mozaffarian, Preventable Cancer Burden Associated With Poor Diet in the United States, JNCI Cancer Spectrum, Volume 3, Issue 2, June 2019, pkz034, https://doi.org/10.1093/jncics/pkz034

Fisher JO, Mitchell DC, Smiciklas-Wright H, Birch LL. Parental influences on young girls’ fruit and vegetable, micronutrient, and fat intakes. Journal of the American Dietetic Association 2002;102(1):58-64. Disponível em Parental influences on young girls’ fruit and vegetable, micronutrient, and fat intakes (nih.gov)

Johnson SL. Improving preschoolers’ self-regulation of energy intake. Pediatrics 2000;106(6):1429-1435. Disponível em Improving Preschoolers’ self-regulation of energy intake – PubMed (nih.gov)

Liu YH, Stein MT. Comportamento alimentar de bebês e crianças pequenas e seu impacto sobre o desenvolvimento psicossocial e emocional da criança. Em: Tremblay RE, Boivin M, Peters RDeV, eds. Faith MS, ed. tema. Enciclopédia sobre o Desenvolvimento na Primeira Infância [on-line]. https://www.enciclopedia-crianca.com/nutricao-infantil/segundo-especialistas/comportamento-alimentar-de-bebes-e-criancas-pequenas-e-seu. Publicado: Setembro 2005 (Inglês).

Bouwstra H et al. Long-chain polyunsaturated fatty acids have a positive effect on the quality of general movements of healthy term infants. Am J Clin Nutr, 2003. 78(2): 313-8. Disponível em Long-chain polyunsaturated fatty acids have a positive effect on the quality of general movements of healthy term infants – PubMed (nih.gov)

Willatts P et al. Effect of long-chain polyunsaturated fatty acids in infant formula on problem solving at 10 months of age. Lancet, 1998. 352(9129): 688-91. Disponível em Effect of long-chain polyunsaturated fatty acids in infant formula on problem solving at 10 months of age – PubMed (nih.gov)

Tai EK, Wang XB, Chen ZY. An update on adding docosahexaenoic acid (DHA) and arachidonic acid (AA) to baby formula. Food Funct. 2013; 4(12):1767-75. Disponível em An update on adding docosahexaenoic acid (DHA) and arachidonic acid (AA) to baby formula – PubMed (nih.gov)

Seja o primeiro a comentar!

Deixe um comentário

Conteúdo Relacionado

Nossos Parceiros