A hipersensibilidade é muito comum em pessoas autistas.
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Por isso, as festas de fim de ano – principalmente o Réveillon – acabam sendo um momento bem difícil para aqueles que se incomodam com sons como os provocados por fogos de artifício que acabam causando muito desgaste e sofrimento para quem está no espectro e sua família.
O Transtorno do Processamento Sensorial ter como característica a dificuldade em processar estímulos do ambiente e dos sentidos, tal condição pode impactar a interação e participação social, fazendo com que o indivíduo se isole.
Para ajudar com dicas que podem ser benéficas para lidar com o TPS no natal e ano novo, as coordenadoras de Terapia Ocupacional da Genial Care, Alessandra Peres e Mariana Asseituno, contribuíram com esse conteúdo.
Qual a diferença entre hipersensibilidade e hipossensibilidade?

O Transtorno do Processamento Sensorial pode ou não existir em pessoas com autismo, mas ele se trata de um distúrbio diferente do TEA e, portanto, uma comorbidade. Dentro dele, existe a:
- Hipersensibilidade: é quando o indivíduo sente demais os estímulos. Assim, alguns estímulos podem gerar mais incômodos para estas pessoas, como sons, toques ou estilos de roupas, estímulos visuais;
- Hipossensibilidade: quando uma pessoa precisa de uma intensidade maior para receber e processar estímulos. Pode ter pouca percepção do entorno e de si mesmo.
Ainda falando em TPS, as classificações diagnósticas possíveis são:
- Transtorno de modulação sensorial: dificuldade para regular grau, intensidade e natureza das respostas dos estímulos sofridos;
- Transtorno de discriminação sensorial: apresenta dificuldade para identificar diferenças e semelhanças dos estímulos;
- Transtornos motores com base sensorial: dificuldade para absorver informações do próprio corpo e reagir de forma coerente com o ambiente.
Assim, muitas pessoas autistas com Transtorno do Processamento Sensorial acabam tendo dificuldade para lidar com fogos de artifício ou até mesmo com ambientes cheios de pessoas conversando e barulhos de fundo, que outras pessoas nem notariam, devido à hipersensibilidade. O que acontece nesses casos é que os estímulos sonoros são recebidos de forma muito mais alta que o normal.
“Essas crises podem acarretar em um impacto na participação social e também na presença de comportamentos desafiadores, além do bem-estar de forma mais ampla. Comportamentos comuns aqui são as crises de choro, não querer se tocados e até evitar que outras pessoas se aproximem”, explica Alessandra.
Três formas de ajudar sua criança com hipersensibilidade
Apesar do período de festas ser conturbado para famílias de crianças com autismo, justamente pelas mudanças na rotina e também pela dificuldade em lidar com estímulos, existem algumas dicas que podem te ajudar a prepará-la para esse momentos. Veja abaixo:
1 – Use fotos, histórias sociais e até vídeos

Previsibilidade é uma regra de ouro para pessoas autistas. Isso porque imprevistos e mudanças de última hora podem deixá-las desreguladas e em crise. Portanto, é importante prepará-las para o que vai acontecer com antecedência.
Você pode usar fotos da família e de pessoas que vão estar nas comemorações, histórias sociais para mostrar momentos de interação como a ceia e até as festividades e vídeos dos momentos de fogos de artifício ou atividades com muitos estímulos que devem acontecer.
2 – Se apoie em suportes visuais

Ainda falando sobre a dificuldade de lidar com imprevistos, suportes visuais, como a rotina e as histórias sociais, são uma excelente ferramenta para auxiliar a preparar a criança. Com ela, você pode inserir imagens dos lugares que vão visitar e um cronograma mais detalhado, informando por exemplo o dia e hora que vão sair de casa.
“Aqui, é interessante incluir pessoas de quem a criança gosta que estarão presentes, trazer instruções de locais (como um quarto) onde ela vai poder ficar se estiver cansada e quiser se regular e também antecipar momentos como a hora da queima de fogos no Réveillon”, orienta Mariana.
3 – Compre protetores de ouvido

Mesmo com toda antecipação, a queima de fogos de artifício barulhentos acaba desregulando sensorialmente pessoas autistas com hipersensibilidade. Nesse momento, protetores de ouvido são uma estratégia eficaz na diminuição da entrada de estímulos aversivos.
Hoje em dia, encontrar fones de ouvido antirruído é bem mais fácil e eles podem ajudar – e muito – pessoas com TEA a lidar melhor com o barulho.
O último ponto é sempre se lembrar que cada pessoa é única, e olhar para a forma como ela se comporta diante dos estímulos é muito importante para criar estratégias que vão, de fato, ajudá-la a lidar com a hipersensibilidade ou com a hipossensibilidade.
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