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Faz um tempo, eu vi um post de uma mulher preta falando que sempre recebeu muitos convites pra sair durante a semana, pra encontros e sexo casual. Mas ninguém a chamava pra pegar um cinema no shopping, ir num restaurante ou qualquer outro programa no final de semana.  Isso me fez refletir sobre as minhas relações […]

Faz um tempo, eu vi um post de uma mulher preta falando que sempre recebeu muitos convites pra sair durante a semana, pra encontros e sexo casual. Mas ninguém a chamava pra pegar um cinema no shopping, ir num restaurante ou qualquer outro programa no final de semana. 

Isso me fez refletir sobre as minhas relações amorosas.  E notei que entre as mulheres que passaram pela minha vida poucas eram pretas ou mesmo de pele mais escura. “É só uma questão de preferência” eu pensava. Mas dessa vez, ao invés de me contentar com essa resposta rápida e confortável. Decidi investigar mais a fundo. 

Comecei a pensar nas pessoas brancas ao meu redor e percebi que elas também tiveram poucas ou mesmo nenhuma relação com mulheres ou homens pretos. Seria também só uma preferência individual? Achei estranho e fui atrás de dados.

Grazi Massafera e Alan Passos, que confessou ter sofrido preconceito enquanto namorava a atriz

Encontrei uma pesquisa do IBGE de 2010 onde foi constatado que 74,5% das pessoas brancas se casam, e provavelmente só se relacionam, com outras de mesma cor ou raça. O estudo indicou ainda a maior possibilidade de mulheres pretas ficarem solteiras.

Achei também uma ótima explicação para os aspectos sociológicos por trás desses dados no Geledes, num texto onde o autor cita Edward Telles.

Segundo Telles, indivíduos da raça socialmente considerada inferior (no nosso país, os pretos) mas que estejam em posição de superioridade social, educacional ou financeira, podem “trocar” sua pretensa/percebida “inferioridade racial”, e “superioridade socioeconômica”, pela pretensa/percebida “superioridade racial” mas “inferioridade socioeconômica” dos indivíduos pobres da raça considerada superior (no nosso país, os brancos).

A essa altura eu já havia chegado à conclusão de que eu sou racista. E nem tive muito trabalho pra isso. Só precisei de um pouquinho de boa vontade pra questionar meus relacionamentos amorosos e 10 minutos pesquisando no Google. 

Mas o que fazer depois de me perceber racista? Tive várias idéias mas me contive e resolvi gastar mais 10 minutos no Google, pra entender o que as pessoas pretas gostariam que pessoas brancas como eu fizessem pra ajudá-las nessa luta por igualdade. 

Acabei achando no Instagram do Bruno Gagliasso, que foi emprestado ao @mussumalive (o que mostra a importância dessa cessão de espaços com grandes audiências pra pessoas pretas), um manual bem prático e de fácil aplicação, criado pelo @levikaiquef e que replico aqui embaixo. Estou comprometido em seguir:

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Uma publicação compartilhada por Bruno Gagliasso ?⚡️?? (@brunogagliasso) em

 

Eu pensei em editar esse manual, algumas partes me pareceram irrelevantes. Mas novamente me forcei a lembrar que não tenho propriedade pra falar sobre o assunto, tampouco posso julgar o que é ou não importante nesse contexto. 

Fiquei impressionado em notar que, mesmo após me assumir racista, ainda tenho esse ímpeto de agir como se não fosse. Mas deve ser porque passei 36 anos me enganando, jurando pra mim e pro mundo que eu não era.  E era muito mais confortável não me responsabilizar, fingir que não existia racismo em mim, que esse não era um problema meu

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