Sempre que assopra uma vela ou vê uma estrela cadente, a Aurora deseja a mesma coisa: “Que nossa família nunca se separe”. Quando eu e a Ana discordamos em algo, ela fica preocupada. Não aceita que a gente discuta, nem por causa de roteiro de filme: “Parem de brigar!”.
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A mais velha fica só analisando a conversa e dizendo: “A mamãe tá certa” ou “O papai tá certo”. Uma juíza de 12 anos, tentando encerrar qualquer discussão.
No fundo, as duas já sabem que existe um negócio chamado divórcio, não sabem bem como as pessoas chegam a esse ponto, mas sabem que existe e não querem que aconteça conosco.
Acredito que as crianças lidam bem com separações se os pais forem maduros e amigos, mas, em outros casos, um rompimento deixa marcas. Nos separamos por orgulho ou raiva, por erros e mágoas, porque achamos que tem algo melhor.
Mas talvez o algo melhor seja essa mesma pessoa, com os ajustes necessários. Quando algo estraga lá em casa, a gente não joga fora. A gente arruma.
Esses dias, estávamos todos no carro. Fazemos brincadeiras que, tenho certeza, vou sentir falta quando elas crescerem. Contamos carros de outras cores; citamos um país com cada letra do alfabeto; falamos uma palavra e os outros têm que adivinhar em que música estamos pensando.
A Aurora disse que queria ter filhos, mas só depois que soubesse todas as músicas do mundo. Rimos.
Quando estamos juntos, não precisamos de mais nada. Eu agradeço por termos passado por todas as discussões, por estarmos ali fazendo coisas desimportantes. Por a vida ser boba e sem propósito.
E, evidentemente, por todas as velas e estrelas cadentes.
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