Crianças precisam ter acesso à educação sexual. Falar sobre sexualidade com crianças é uma das melhores maneiras de protegê-las. Veja dicas!
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Um assunto de extrema importância e que costuma deixar os pais repletos de dúvidas é a sexualidade. Para começo de conversa, falar sobre sexualidade vai além do sistema reprodutor e tem a ver com explorar tópicos como autoestima, gravidez na adolescência e, principalmente, sobre prevenção a abusos sexuais.
É extremamente importante permitir que crianças e adolescentes tenham acesso à educação sexual, afinal, é uma das melhores maneiras de protegê-las e diminuir sua vulnerabilidade perante a violência sexual.
As concepções de infância passaram por diversas etapas de transformação ao longo do tempo e a sexualidade, claro, acompanhou esse movimento.
Na Idade Média, por exemplo, a criança não existia como um ser social, era considerada basicamente um adulto em miniatura.
No século XII, as crianças das classes sociais mais altas usavam perucas e sapatos de salto, ao passo que as meninas se adornavam quase sempre como uma mulher adulta.
Na prática, essa inexistência da infância afetava as relações interpessoais e, por isso, nessa época, eram frequentes os matrimônios aos doze e treze anos de idade. Nesse período, as “brincadeiras” sexuais entre adultos e crianças ocorriam com certa frequência e eram aceitas com muita naturalidade em algumas regiões da Europa.
Eram situações que faziam parte tanto do cotidiano de famílias pertencentes à nobreza quanto de famílias oriundas do povo.
Já no século XV, mesmo com toda essa permissividade, as ideias de alguns estudiosos conseguiram influenciar a forma de ser e de pensar das pessoas. As crianças começaram a ser preservadas de tudo o que era considerado pecado, houve controle da promiscuidade entre adultos e crianças.
E assim, aos poucos, a visão de infância foi se modificando e as crianças passaram a ser reconhecidas como seres puros, fracos e inocentes.
A percepção de infância mais recente vem à tona com o início da sociedade capitalista, onde a criança passa a ser um sujeito de direitos, merecedora de dignidade e respeito, devendo ser preservada em sua integridade física e emocional. Foi nessa época também que a sexualidade foi vinculada à vergonha e ao pudor e, assim, as intimidades passam a ser aceitas somente dentro do seio conjugal, limitando-se à família nuclear.
Com isso, falar sobre sexualidade para crianças se tornou um tabu. Acreditavam que conversar acerca do assunto com uma criança podia erotizá-la ou incentivar a iniciação sexual precoce.
Porém, o que se vê hoje em dia é que quanto menos informação o jovem recebe, mais precocemente se inicia a vida sexual. Uma educação sexual bem orientada, respeitando o desenvolvimento psicossexual típico de cada faixa etária, é uma das formas mais eficazes para diminuir a vulnerabilidade da criança perante a violência sexual.
O quê e como falar com crianças sobre sexualidade?
É preciso lembrar que uma criança tem contato com a nudez desde que nasce, seja no momento da amamentação, em que sua mãe está à vontade, seja brincando no banho com outras crianças, primos, em trocas de fralda na creche e assim por diante.
Essa é uma informação essencial para que elas entendam como funciona o próprio corpo, o dos seus pares ou de adultos. Nesta fase da vida, a criança volta-se para a descoberta de seu corpo, possuindo curiosidades, sendo que todo este processo deve ocorrer de forma natural e gradual, na contramão de acontecimentos que possam forçar a chegada precoce da sexualidade voltada para a genitalidade, isto é, relacionada à reprodução sexual e os órgãos genitais.
Saber que existem diferenças entre meninos e meninas, entre os corpos das crianças e dos adultos e saber estabelecer os limites sobre o que são partes íntimas, aquelas que não devem ser tocadas por outras crianças ou adultos que não são responsáveis pela sua higiene e cuidados diários. São conhecimentos não só saudáveis, mas protetivos no que se refere à prevenção da violência sexual.
Uma ótima forma de ensinar os pequenos é utilizando algum recurso lúdico, como o método “semáforo do corpo”, que consiste em desenhar o corpo da criança e colocar nele pontos verdes, amarelos e vermelhos:
- Verdes – podem ser tocados;
- Amarelos – atenção quando tocados;
- Vermelhos – não podem ser tocados!
Em tom de brincadeira, o método conscientiza sobre onde ficam as partes íntimas e quem pode tocá-las. Com isso, caso alguém tente tocar em suas partes íntimas, saberá que deve contar para um adulto responsável imediatamente, até porque o medo e a vergonha são armas que os abusadores usam para que a criança se mantenha calada.
Por isso, acima de tudo, é importante que exista um espaço aberto para dar lugar a essas conversas desde cedo dentro de casa, com a família. A escola exerce também um papel fundamental e deve propor diálogos sobre sexualidade. A educação sexual pode contribuir para a construção de um pensar mais reflexivo desde a infância e fazer com que cresçam mais seguros e protegidos.
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