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Como pai e educador sempre defendi a “educação compartilhada” como forma de aprendizado. Em tempos de quarentena, a importância desse tema ficou muito mais clara. Ficou estampado o quanto esse conceito é atual, necessário e desafiador. Mas o que seria essa tal de educação compartilhada? Ela parte do pressuposto que todas as pessoas que partilham de nossas vidas, nos influenciam […]

Como pai e educador sempre defendi a “educação compartilhada” como forma de aprendizado. Em tempos de quarentena, a importância desse tema ficou muito mais clara. Ficou estampado o quanto esse conceito é atual, necessário e desafiador.

Mas o que seria essa tal de educação compartilhada?

Ela parte do pressuposto que todas as pessoas que partilham de nossas vidas, nos influenciam e são responsáveis por nossa formação e educação.

Somos seres sociais e para tal a troca constante define quem seremos no futuro. Isso quer dizer que não apenas os pais, familiares e cuidadores educam nossas crianças, mas sim todas as pessoas as quais compartilhamos tempo, pensamentos e idéias.

Isso parte do pressuposto que o moço ou moça da perua que leva seus filhos e filhas para escola, o cantineiro, seus vizinhos, o guarda da rua, o profissional que vende Yakult, todos, sem exceção, participam de uma forma ou de outra da formação de nossa essência como adultos.

Tomando a liberdade poética ao pé da letra, Vovó já dizia:

“Diga-me com quem andas e te direi quem és!”

Em tempos de quarentena, a convivência de nossas crianças foram reduzidas ao núcleo familiar, impactando de forma brusca esse conceito de aprendizagem.

Meu filho mais velho me confessou que está cansado de conversar apenas comigo, o que “super” entendo, seu ponto de vista. Eu não entendo nada sobre Naruto (por mais que ele tente me explicar). Ele está carente de troca.

Está querendo compartilhar com outras pessoas o aprendizado diário; está querendo trocar idéia com pessoas diferentes e é apenas na troca que aprendemos de forma plena.

Você já ouviu falar que “apenas aprendemos quando ensinamos”?

Então, meus filhos querem ensinar e não apenas receber.
Querem aprender compartilhando.
Querem compartilhar aprendizados e trocar experiências novas.

Foi uma alegria quando meus sobrinhos vieram aqui em casa. Cada um querendo mostrar aquilo que tinha vivenciado até aquele momento de quarentena. Incrível como esse conceito foi colocado a prova, forçado pela pandemia.

Não podemos nos tornar todos esses personagens ao mesmo tempo e, mesmo que pudéssemos, isso não teria a mesma eficiência na formação de nossos pequeninos e pequeninas.

Portanto não se culpe por não ser o melhor professor de literatura de seu filho, não se culpe de não saber o que se passa no desenho favorito dele, não se culpe por não saber jogar bola como a colega da escola. Pare de se culpar, apenas faça o seu melhor. Seja o melhor que você pode ser em tempos de quarentena.

Não temos a obrigação de nos tornar professores escolares, temos tantas outras coisas boas para ensinar e compartilhar com nossas crianças. Divida momentos de afeto, desenhe junto, faça um bolo, deixe ele dormir no seu lugar da cama, durma no sofá com eles, em seus colos vendo o mesmo filme pela Vigésima vez. Seja APENAS você mesmo!

Tenho certeza que o momento é de aprendizado coletivo, emocional, de convivência. Aprender a tolerar; momento de voltar para dentro da caverna e ver o que ficou desenhado nas paredes, que você esqueceu de mostrar a seus filhos e filhas devido a correria do dia a dia.

Troque com ele as experiências o que você puder e logo mais partilharemos esses aprendizados com os colegas da escola, essa fase será muito mais importante na formação de seus filhos do que o conteúdo escolar que ele está “perdendo”.

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