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Quando Aurora tinha dois anos, gostava de dormir na nossa cama, como gostam todos os bebês de dois anos de idade, naquilo que alguns pais chamam de cama compartilhada mas que de compartilhada não tem nada, a criança se esparrama por todo o espaço e não compartilha nenhum centímetro com os pais que, coitados, dormem no limite de caírem no tapete do chão do próprio quarto.

Isso tudo quando não fogem para a cama dos filhos, onde podem dormir com mais espaço e não acordam com dores no pescoço, criando aquela cena patética de adultos dormindo enrolados com lençóis das princesas da Disney.

Os pais colocarão todo tipo de decoração no quarto do filho, para que ele finalmente durma sozinho, mas isso só acontece efetivamente lá pelos sete ou oito anos, em algumas famílias mais cedo, em outras famílias (bem) mais tarde (uma amiga, executiva de sucesso, confidenciou que, até hoje, quando está muito chateada, liga pra mãe e pede pra dormir uma noite com ela).

Minha filha foi alternando nossa cama com a cama dela, cada vez menos, até que aos oito anos decidiu, não dormiria mais conosco, foi uma resolução de ano novo. E assim foi. Eu a coloco pra dormir, todas as noites. Quando as crianças dormem sozinhas em seus quartos, os pais se sentem aliviados. Ufa, dormiremos agora tranquilos, sem socos no estômago nem chutes nas costas.

Uma semana depois, sentem saudade.

Nossos filhos, todos os anos, farão algo conosco pela última vez. A paternidade é uma despedida constante. Estão aprendendo a andar, falar, estudar, dormir sozinhos, dirigir sozinhos. Estão aprendendo a viver sozinhos.

Já foi dito que os filhos não são nossos, são do mundo, os pegamos emprestados por alguns anos. Teremos momentos bons e ruins juntos. Quando crescem, até as lembranças ruins parecem boas. 

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