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Continuando o nosso debate sobre o suicídio, trago hoje para vocês uma discussão sobre outro grupo vulnerável ao suicídio, de acordo com as estatísticas: jovens na fixa etária de pré adolescência à jovem adulto, entre 10 a 24 anos. De 2000 a 2015, houve um aumento de 65% nesses casos. É uma questão de saúde […]

Continuando o nosso debate sobre o suicídio, trago hoje para vocês uma discussão sobre outro grupo vulnerável ao suicídio, de acordo com as estatísticas: jovens na fixa etária de pré adolescência à jovem adulto, entre 10 a 24 anos. De 2000 a 2015, houve um aumento de 65% nesses casos. É uma questão de saúde pública, cujo trabalho em rede entre família, escola, serviços de assistência e de saúde se faz fundamental.

De acordo com a OMS, a adolescência é um período onde os jovens estão expostos a desenvolver alguma questão em saúde mental. A maior parte dos diagnósticos são feitos na faixa etária de 14 anos. No Brasil, ansiedade e depressão são prevalentes em jovens na faixa etária entre 6 e 16 anos.

A adolescência é um período de inúmeras mudanças fundamentais e de forte influência na formação da personalidade de quem faz essa travessia para a vida adulta. É um período no qual muitas questões primárias do processo de construção psíquica são retomadas, seja em relação ao histórico familiar ou ainda às próprias fragilidades. 

Nessa fase, o adolescente é convocado a responder e a escolher por si, a construir sua individualidade e a buscar novas referências. Diferentemente da criança, para quem a família é espaço quase que exclusivo, na adolescência, isso se abre. Para se haver com a construção de sua identidade e com a estranheza de habitar esse corpo transformado, o jovem busca fazer identificações com grupos e o coletivo passa a ser refúgio e lugar de invenção de novas trocas sociais.

Além disso, as mudanças no corpo dão notícia do interesse, do desenvolvimento da sexualidade e da construção de sua identidade sexual. É ampliar suas vivências no laço social, mas se deparar com a solidão em relação a construção de si mesmo. 

Mulher olhando seu reflexo no espelho triste

Não se trata mais de um rito de passagem como no século XVII. Em nossa sociedade, o adolescente faz as suas próprias marcas e com isso, são colocados diante de um enigma que pode gerar uma enorme insegurança e levantar questões como: O que é esperado deles ou ainda como podem se tornar adultos? Em um mundo tecnológico e globalizado, muitos são os estímulos recebidos por esses jovens: redes sociais, troca de mensagens, likes, deslikes, anúncios, consumo sem limites.

Tudo é possível, inclusive criar personagens para viverem a vida considerada ideal. Até os afetos e emoções são influenciados pela alta velocidade: não há tempo para frustração, a fila anda, “segue o baile”.

O adolescente se sente sempre vulnerável e é nesse lugar que as defesas da angústia e dos afetos são ativadas: o distanciamento ou isolamento, o não ouvir, não se afetar, parecer indiferente. Mas se trata disso, parecer. Isso não significa que sua filha ou seu filho é indiferente. Ao contrário disso, os jovens sentem muito. E tudo ao mesmo tempo, com todas as transformações sendo vivenciadas muito intensamente. Frente a isso, a angústia é inevitável.

Os atos dos adolescentes não são pura e simples rebeldia. Muito menos são frescura. Em relação a esses estereótipos, é preciso ter cautela e observar como cada um vivencia essa transição.

Tais atos constituem uma forma de expressar o sofrimento, de traduzir em ação aquilo que não cabe em palavra. É fundamental que os pais auxiliem os filhos a fazer essa travessia para a vida adulta. É preciso colocar palavra para dizer daquilo que dói, construir um outro sentido e criar novas possibilidades para além do desenlace com a vida.

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