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A segunda coisa que eu mais ouço desde que meu caçula nasceu é: nossa! Como ele é tranquilo! Que sorte você tem! Geralmente, na sequência, a pessoa me pergunta se ele tem cólica, se dorme bem, se mama, se meu leite “sustenta” (????) feat. se o mais velho também era assim. Sério, como isso me […]

A segunda coisa que eu mais ouço desde que meu caçula nasceu é: nossa! Como ele é tranquilo! Que sorte você tem!

Geralmente, na sequência, a pessoa me pergunta se ele tem cólica, se dorme bem, se mama, se meu leite “sustenta” (????) feat. se o mais velho também era assim.

Sério, como isso me cansa. Porque tudo que eu faço é sorrir e dizer “sim, tenho muita sorte”. Com cara de alface. Mas o que eu queria mesmo dizer era…

A sorte que meus filhos têm - papodepai.com

Não. Eu não tenho sorte! Deixa eu te contar… Meus filhos nunca, nunquinha, ficaram chorando mais que alguns segundos até que eu os pegasse. Eles nunca precisaram se sentir abandonados e em completo desespero (sim, porque você sabe que tá do outro lado da porta, mas pra eles, você foi pra Nárnia) porque choravam no berço e eu não aparecia. Aliás, eles nunca deitaram em um berço. O berço deles sempre foi meu peito e minha cama. Eles podiam ser calmos, EU os permitia serem calmos estando sempre ali. Não havia razão pra eles se desesperarem.

Meus meninos nunca precisaram chorar sinalizando fome. Eu nunca questionei se o choro ou resmungo deles era fome ou o quê. Eu simplesmente os amamento sempre que eles demonstram qualquer desconforto. Eles mamam por estarem com sono, com calor, entediados, com medo, com dor, com frio, cansados, ansiosos… Ah! E às vezes porque estão com fome. E por isso, também, eles podem ser calmos. Porque não precisam chorar sem parar pra serem amamentados sob a justificativa de que “só faz 30 minutos que ele mamou”. O choro aqui não é livre e o consolo é em livre demanda.

Meus filhos nunca tiveram cólicas, simplesmente porque, pra mim, a cólica não existe. Sim, foi isso mesmo que eu disse: eu não acredito na existência da cólica. Você pode dizer “Imagina! Todo bebê tem cólica! Tem até remédio pra isso. Eles têm o sistema digestivo imaturo e blá blá blá”… Mas aí eu te pergunto, o sistema renal também é imaturo, e alguém sequer questiona se esse bebê está com dores renais? Ou ainda dor de cabeça? Já que o sistema neurológico é totalmente imaturo também?

É por isso que eu não acredito na cólica.

Pra mim, o que existe sim é um bebê que acabou de sair do útero, assustado, incomodado e chorando. A “cólica” dos meus filhos sempre foi curada com um combo infalível: peito + colo + tranquilidade materna. E olha que se tinha uma criança que podia ter “cólica”, era a minha: eu comia chocolate, feijão, brócolis e o que desse vontade! Sem culpa.

E tem o lance do carrinho. Que as pessoas juram que vão colocar o bebê no carrinho/bebê conforto e ele vai ficar lá, olhando pro teto, e feliz. Não força. Você também não ficaria. Claro que eu sempre uso o carrinho aqui… Sempre que preciso! E aqui, precisar entenda-se por: trocar a fralda do mais velho, mexer com panelas no fogo e tomar banho. Só. O resto do tempo o lugar deles é no meu colo. Ou no de alguém que eles se sintam seguros: pai, vó, vô.

Aqui sling reina! É bebê acompanhando a mãe o tempo todo. E pasmem: eles não precisam de grupo de apoio depois pra lidar com o vício do colo. O mais velho está com 2 anos e não quer mais colo. Sem ajuda do pessoal da BVCA (Bebês Viciados em Colo Anônimos), ele superou sozinho.

Contando esses dias pra uma grande amiga sobre esses tipos de comentários sobre a “sorte” que eu tenho de ter filhos que quase não choram, ouvi uma resposta incrível… Ela me disse: “não é você que tem sorte de ter filhos tranquilos. Seus filhos é que têm sorte de ter uma mãe informada e inteira.”

A sorte que meus filhos têm - papodepai.com

U-A-U. Foi o elogio mais lindo que ouvi nos últimos tempos. E veio de uma mãe que eu admiro, que eu me espelho, que eu amo.

Verdade. Meus filhos têm sorte sim. Não é fácil ser a mãe que dá colo ilimitado. Ser a mãe que tira o peito pra fora em qualquer lugar sem hesitar e amamenta por horas se preciso for. Ser a mãe que banca pôr os filhos pra dormir na cama e o marido no colchão, sem medo disso atrapalhar o casamento. Ser a mãe que abre mão de trabalhar fora pra estar integralmente com os filhos. Ser a mãe que não manda pra escola e pensa em 1001 atividades (e sempre se sente fazendo pouco) pra cria viver a infância o máximo possível.

Mas eu me esforço pra ser essa mãe. Aliás, me esforço pra c@$@!#&.

E o Pai?

Ah, o Pai… Ele está dando o suporte para que eu possa ser “só” mãe com tudo o que isso engloba. Porque ser “só” mãe significa ser um universo todo para um outro ser, e pra isso acontecer, é preciso apoio e respaldo.

O pai dos meus filhos trabalha duro lá fora, pra poder me liberar da responsabilidade de contribuir financeiramente. Além disso, é através do trabalho dele que nós podemos pagar uma secretária do lar, me deixando livre pra ser mãe em tempo integral.

Mas, consciente do seu papel na vida dos meninos, meu marido se dedica à momentos exclusivos com eles: o banho é o momento “dos meninos”. A hora de dormir, também é com o papai. É o pai quem cuida do mais velho durante a madrugada, em outro quarto, enquanto eu durmo com o caçula. (…)

Uma mãe só pode ser inteira se existe apoio pra isso. É preciso uma rede de segurança, garantindo que essa mãe possa se lançar em queda livre nesse desafio de maternar com inteireza.

Então, da próxima vez que você vir um bebê “calminho”, olhe bem quem está por trás dele. Olhe – e enxergue – a mãe que ele tem. E diga pra ela: que sorte esse bebê tem de ter uma mãe tão inteira. Eu juro, uma frase dessa e você muda o mundo.

Bebês chorariam menos se tivessem mães menos julgadas e mais apoiadas. Uma mãe em paz é um bebê em paz.

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