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Se você tem filhos pequenos com certeza já ouviu por aí que você precisa de “Tempo de Qualidade” com eles, certo? Então te convido a repensar este termo como algo superestimado, criado para nos anestesiar e desviar nosso foco do que realmente é essencial: passar tempo com nossos filhos. Vem comigo. O termo “Tempo de […]

Se você tem filhos pequenos com certeza já ouviu por aí que você precisa de “Tempo de Qualidade” com eles, certo?

Então te convido a repensar este termo como algo superestimado, criado para nos anestesiar e desviar nosso foco do que realmente é essencial: passar tempo com nossos filhos. Vem comigo.

O termo “Tempo de Qualidade” surge de mãos dadas com a onda de produtividade desenfreada dos últimos anos. O termo aparece (muitas vezes de forma velada) em detrimento de passar mais tempo quantitativo junto . A tese geralmente é a seguinte: se você passa tempo de qualidade, pode compensar passar pouco tempo presente.

Seguindo essa lógica, proponho então um paralelo com nossa carreira, por exemplo. O início de uma carreira (ou mesmo o começo de um novo negócio) exige muita dedicação e energia para se alcançar algum sucesso, afinal, você está construindo os fundamentos da sua vida profissional, aprendendo a se relacionar em um ambiente de trabalho, aprendendo novas habilidades etc. O mercado de trabalho entende este cenário tão bem, que proporciona estágios obrigatórios que muitas vezes se arrastam por anos. 

Os primeiros anos de uma criança não são diferente, na verdade eles têm um papel infinitamente mais relevante para a formação do indivíduo e da sociedade quando comparado com o estágio profissional, é claro.

A Primeira Infância (0 a 6 anos) é o período de desenvolvimento mais rico para uma criança. Seu cérebro faz 1 milhão de conexões por segundo e é neste período que a criança entende o mundo a sua volta e cria laços com seus cuidadores. Na Primeira Infância afeto é tão importante para o desenvolvimento pleno do cérebro quanto a nutrição e estímulos, e não existe afetividade sem presença.

Para se ter ideia da relevância desse período de desenvolvimento para a sociedade, segundo a equação Heckman (ganhador do Nobel em economia) a cada U$ 1 dólar investido na Primeira Infância U$ 7 dólares retornam para a sociedade. O estudo de Hackman foca principalmente no desenvolvimento de habilidades socioemocionais neste período, habilidades essas que os pais possuem forte influência no desenvolvimento.

Logo, o melhor investimento que podemos fazer pelos nossos filhos visando não apenas o desenvolvimento cognitivo, mas emocional e social, é dedicar tempo em quantidade e com muito afeto para uma construção coletiva de vida.

Neste sentido, tempo de qualidade é superestimado quando não aprendemos a aproveitar também o cotidiano e a rotina, esperando sempre por um tempo especial para criar laço com a criança. Precisamos criar conexão com nossos filhos na troca de fralda, no banho, na refeição compartilhada e demais encontros que não são glamourosos.

Tempo de qualidade é superestimado também quando não encontramos, como sociedade, uma forma de equilibrarmos mais os cuidados com as crianças e demais compromissos sociais. Lembra da comparação com o estágio? Pois é, ele pode levar anos, enquanto a licença maternidade dura 6 meses e a licença paternidade 1 semana.

Então, enquanto não encontramos caminhos como sociedade, fica o convite para refletir: estamos fazendo o possível para priorizar nossas responsabilidades e passar tempo com nossos filhos?

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