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Esses dias eu perdi a cabeça com meu filho (de 1 ano e 4 meses). Após uma semana chuvosa e trancados em casa, naquele dia fui ficando estressado com ele choroso e demandando colo. Consultei meu checklist mental: fralda ok, água ok, comida ok, sono ok… e o meu (e o dele) incômodo crescendo. Acabei […]

Esses dias eu perdi a cabeça com meu filho (de 1 ano e 4 meses). Após uma semana chuvosa e trancados em casa, naquele dia fui ficando estressado com ele choroso e demandando colo.

Consultei meu checklist mental: fralda ok, água ok, comida ok, sono ok… e o meu (e o dele) incômodo crescendo. Acabei dando uns gritos e um sacode na criança, enfim, fui bem desrespeitoso.

A gente é assim. É gente.

É nesses momentos que precisamos recorrer a inteligência emocional para não deixar a o ciclo de desrespeito continuar, e também aproveitar a oportunidade de aprendizado para se desculpar.

É também nesses momentos que a gente lembra o quão importante é ter clareza dos motivos para não bater ou ser desrespeitoso (gritar, ameaçar etc) com nossos filhos. Trago aqui 8 motivos que sustentam a decisão por uma educação não violenta aqui em casa e servem de alento quando estamos prestes a perder a cabeça.

1 – Respeito à criança

Já parou pra pensar que a única relação onde a violência é aceita é de pai e mãe para filho? Se você agredir fisicamente (e pode ser “apenas” uma palmada) a sua parceira ou parceiro, seu colega de trabalho ou seu cachorro, você será julgado judicialmente ou, pelo menos, moralmente.

Já a violência entre pais e filhos é naturalizada. Seja pela bagagem que temos de nossa criação, pelo sentimento de propriedade que temos com as crianças, ou qualquer outra construção social, não sei dizer ao certo.

Mas respeitar a integridade física da criança é um bom motivo para guardarmos o chinelo.

2 – A palmada funciona sim, mas no curto prazo e pelo motivo errado

É claro que a palmada funciona, ela cessa um mau comportamento quase que de imediato (pelo menos enquanto seu filho tem a metade do seu peso).

Mas ela funciona no curto prazo e pelos motivos errados.

Nossos filhos aprendem a ter medo de algumas atitudes, mas não aprendem com elas. Entendem que existe um limite que, quando cruzado, alguém mais forte irá machucá-la fisicamente.

Pensando a longo prazo, nem sempre nós pais estaremos por perto sendo essa referência do que pode e do que não pode. E aí? Quais ferramentas além do medo nossos filhos terão para resolver seus problemas?

3 – Crianças aprendem por imitação

Quanto mais nova a criança, mais forte é o seu aprendizado por meio da “imitação” de seus cuidadores.

Isso é explicado neurologicamente pelos neurônios espelho (os mesmos responsáveis por bocejarmos quando outra pessoa boceja em nossa frente).

Ou seja, se nossos filhos veem nós pais respondendo com violência, muito provavelmente também o farão, seja com o amiguinho, animal de estimação ou mesmo em algum momento revidando a agressão dos pais.

4 – Quebra da confiança

Somos a referência de segurança para nossos filhos. Quando uma agressão parte dessa referência, essa confiança pode se abalar. Esses abalos geram distâncias que, quando a adolescência chega, período onde os limites são transpassados e o jovem passa a ter mais referências além dos pais (grupo de amigos, escola, facebook etc), fica difícil encurta-las e estabelecer uma comunicação com esse adolescente.

5. “Apanhei e não morri! Até agradeço!”

Pois é, o fato de achar normal a violência em uma relação de amor e confiança já fala por sí. Além disso, o mundo evoluiu a passos largos em vários sentidos, habilidades como inteligência emocional, criatividade e proatividade são cada vez mais requisitadas para se fazer qualquer coisa hoje, imagina daqui 30 anos quando seu filho for um adulto.

6 – Uma oportunidade de aprendizado perdida

Todo erro é uma oportunidade de aprendizado. Essa mentalidade nos faz aprender, crescer e procurar melhorar com os nossos erros, além de ser libertadora. A violência não foca na solução de um problema, foca apenas na punição por ele, atende mais à uma necessidade de justiça (ou vingança) do adulto do que uma necessidade de aprendizado da criança.

7 – Normalização da violência

Se a pessoa que a criança mais ama e tem como referência usa da violência, a mesma se torna comum. É o adulto que verbaliza “- Levei umas palmadas e tô aí, firme e forte! Até agradeço”, achando normal bater em uma criança.

Além disso, a normalização da discurso “bato porque te amo” pode resultar em um futuro relacionamento abusivo, onde se acha normal uma relação ser estabelecida de forma super vertical e autoritária se for “em nome do amor”.

8 – Não bater não significa ser permissivo. Existe um caminho do meio.

Acredito que no fundo ninguém bate porque ama, mas sim porque é o último recurso que conhece. Muitas vezes foi o que aprendemos de casa.

Nesse sentido, precisamos da humildade de aceitar e a coragem de buscar.

Existem ferramentas como a Disciplina Positiva, a Comunicação Não Violenta (CNV) e o bom e velho diálogo que ajudam na hora de um comportamento inadequado. Um passo de cada vez, respeitando o ritmo da sua família e o seu processo.


Ah! No final da história, naquele dia meu filho estava com vontade de fazer cocô e não conseguia, o choro e o seu pedido por colo foi a forma dele se comunicar…  E aí, já imaginou alguém gritar e te sacudir por que você está com o cocô trancado?

Se você chegou até aqui, vai gostar de treinar comigo no Dojo de Pais, espaço onde compartilho erros e acertos de uma abordagem respeitosa com os filhos.

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